domingo, 14 de setembro de 2008

carta para Fernando Meirelles



ainda q não as leia, só quero te dizer umas breves palavras:

tua película não perde nada para o livro do nobel português!

isso é raro, é poético, inspirador.

o livro é um chute no estômago da moral humana, o filme também.
é de uma beleza nauseante, o filme também.
fede, grita e chora, esperneia, o filme também.

não sou crítica de cinema nem literatura (graçasadeus), e minha opinião é feito língua virgem em degustação de vinhos. mas amo Saramago. e meu amor me põe mais perto dos abomináveis puristas, sempre a adorar as estátuas petrificadas do deus-literatura. e mesmo assim, ainda assim, quem sabe por isso, amei cada segundo do teu filme. isso deve valer alguma coisa.

quero te dizer q também durante a minha sessão, como nos teus testes de tela, várias pessoas se retiraram ao começo daquelas cenas temidas. não devem ter lido o livro, penso eu. ainda q bem feitas e profundas, tuas cenas estavam light. enquanto Saramago nos tortura a nós e as mulheres por horas, tu nos poupa a uns poucos minutos. chorei pouco, desesperei quase nada. esse filme não é para qq um, como o livro também não.

ao fim da película, Saramago te declarou estar tão feliz quanto ao acabar de escrever o livro. eu, por minha vez, fiquei tão mentalmente paralisada ao fim das cenas quanto ao fim das páginas. só as mãos se mexeram, num solo de palmas, na sala em evacuação.

por fim te agradeço, nunca havia sonhado um dia ver a cegueira.


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3 comentários:

Luiza Bodenmüller disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luiza Bodenmüller disse...

Já cantavam os Beatles...

"living is easy with eyes closed, misunderstanding all you see"



Ps.: tô com blog novo!

bibi move disse...

pois a gente baixou online (dificil sair pra ir no cinema nesse entretanto..) e ficou esperando esperando esperando... e quando terminou a gente sentou no sofá, filho dormia, óculos foram limpos na flanela e tudo- e o filme baixado era fake-
daquelas coisas imbecis pra pegar piratas rabugentos como nós...
Agora vou chamar a babysitter, no matter what.