segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Invictus

Assisti Invictus e sou obrigada a fazer um singelo comentário. O filme é muito mais do que eu esperava. Morgan Freeman está maravilhoso como Mandela.

Todo mundo ouve falar sobre o Apartheid e sobre Mandela, mas foi só em 2005, quando estive na África do Sul, que senti o que tudo isso realmente significava. Tenho um amigo 'Capetonian' (nativo da Cidade do Cabo), que é 'colored' (mistura de nativo africano com holandeses, falante de afrikaans), e ele me falou e me mostrou um pouquinho do que foi/é a segregação por lá.

Parece estúpido dizer de que cor meu amigo é, mas lá isso faz diferença. Peter é professor de economia numa universidade local, e ativista político nas questões de habitação. Muito sério, o conheci no Fórum Social Mundial em Porto Alegre, e o reencontrei lá na Cidade do Cabo. Ele me levou para ver as absurdas mansões com seus campos de golf, as townships de classe média e média baixa (onde mora sua família e uma família de amigos muito hospitaleira que me recebeu), e os squatcamps, que são como favelas improvisadas parecendo acampamentos de sem-terra. Me levou também para almoçar em 2 restaurantes bem lindos, um deles na região dos museus e universidades, onde até 1990 ele não podia pôr os pés.

Oficialmente o Apartheid acabou, mas quase todas as pessoas ainda moram nos locais antes reservados para pessoas de sua etnicidade. No bairro do Peter, por exemplo, só vi coloreds. Na praia aí embaixo, só whites (mas as mansões crescendo em volta estão cheias de pedreiros, todos negros).


Atualmente a África do Sul tem 11 línguas oficiais (das quais só consigo distinguir 3: inglês, afrikaans e khosa). E todo mundo pode pôr o pé onde quiser.

Não vou me aprofundar no assunto, pois dele não entendo muito, quero só contar uma coisinha sobre minha viagem.

Aí embaixo eu estou em Robben Island, a ilha-prisão onde Mandela ficou muitos dos seus 27 anos de cárcere, e este ao meu lado é o guia do meu tour. Ele foi prisioneiro lá durante 10 anos (não sei como ele pode querer voltar lá todos os dias), e nos contou como era sua vida por lá. Triste, muito triste. Mas, assim como Mandela, meu guia era só sorrisos.



Uma fala do filme me marcou profundamente 'Como pode um homem que perdeu 30 anos de sua vida sair do cárcere pronto para perdoar os que lhe aprisionaram?'. Eu também não entendo. Deveria ter perguntado ao meu guia.


"Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul".

William Ernest Henley (1849–1903)

Um comentário:

Ila disse...

Adorei o post! Quero ver se assisto logo que chegarmos de volta em casa.

Beijo!